quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Serra de Monchique / Serra da Boa Viagem: a história repete-se.

Numa altura em que na Serra de Monchique lavra um incêndio há já 7 dias, é inevitável olhar para a Serra da Boa Viagem, e apercebermo-nos das semelhanças.
A Serra da Boa Viagem foi palco de 2 grandes incêndios nos últimos 25 anos: 1993 e 2005.
O de 1993, que começou na vertente norte em 20 de Julho, ardeu durante 3 dias e passou por 1.170 hectares do perímetro florestal, incluíndo o Prazo de Santa Marinha. Recordamo-lo sobretudo porque queimou a maior parte da vegetação da serra como a conhecíamos ( restou a mancha em redor do Santo Amaro ) mudando a fisionomia daquele lugar ( vídeo do Rally do Centro de 1989 - https://www.youtube.com/watch?v=D-F8F_lwOfU  ) e destruiu o Abrigo da Montanha.
( Uma boa análise técnica deste incêndio, aqui. )

O de 2005 começou a 2 de Outubro, sendo extinto 1 ou 2 dias depois.
Ambos consumiram uma grande fatia da vegetação de grande porte na serra, e na falta de uma reflorestação ordenada e implementação de controlo de espécies oportunistas ( acácia principalmente ) deram origem ao aparecimento desenfreado dessas mesmas espécies. Escusado será dizer que estão em crescimento há 13 anos, e a única intervenção de que me tenha apercebido, é uma "rapagem" de mato de algumas bermas das estradas que traçam a serra.

E o que é que isto tem a ver com Monchique? Tudo.
Lá, como cá, não foi feita uma intervenção pensada para evitar que o coberto vegetal crescesse desenfreada e desreguladamente desde o último grande incêndio ( 2003 ), e segundo as opiniões que vou ouvindo e lendo, tal acumulação de combustível - leia-se, vegetação - tornou-se um desastre à espera de acontecer. Demorou 15 anos. Mas não falhou.
E a serra da Boa Viagem?
Na minha pouco técnica opinião, está carregadinha com o tal combustível que vem a acumular desde 2005 ( 13 anos ), e basta que um qualquer pirómano, são ou maluco, coloque o fogo no sítio certo,  para que, com as condições de vento que se fazem sentir hoje, num ápice a serra volte a 1993 e 2005, e se coloquem vidas e bens em perigo.
Esta é obviamente uma questão a resolver por instituições da administração central e pelo Governo, mas é algo que a CMFF da Figueira da Foz devia ter como prioridade desde o momento em que o incêndio de 2005 ( e especialmente o de 1993 ) foi dado como extinto.

Haverá quem veja nos meus textos uma grande dose de negativismo e morbidez, mas eu é que sei o que gosto desta terra, e a frustração que tenho em ver que se podia fazer tanto e se faz tão pouco.
Passo muitos dias a palmilhar esta terra, seja à borda do mar seja nos caminhos da serra, de carro, a pé, de bicicleta, e isso dá uma perspectiva mais próxima, e que permite que me aperceba do que não é feito e que devia sê-lo, não porque eu acho, mas porque é uma necessidade para a comunidade, e faz parte do dever de um autarca eleito.

Infelizmente, é muito provável que o futuro próximo me dê razão, e que tenha de andar de mangueira de jardim na mão, a tentar proteger do fogo aquilo que é de família, amigos, conhecidos e até de estranhos. 






quarta-feira, 8 de agosto de 2018

É isto tudo.


https://aventar.eu/2018/08/08/coimbra-mare-baixa/


Coimbra queria turistas. Têm-os. Mas não mexe um dedo para merecê-los. Saca deles o que pode e trata-os, e aqui é que bate o ponto, tão mal como trata os seus cidadãos. E uma cidade que não cuida da felicidade dos seus habitantes, não cuidará da dos visitantes, mesmo que pareça fazê-lo. E está destinada a perder o melhor de uns e outros.

A sina deles é também a nossa.

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Contraste.



 http://outramargem-visor.blogspot.com/2018/08/misterio-dos-misterios.html


Buarcos é um destino turístico, apenas quando as temperaturas se chegam ou ultrapassam os 30º. Ponto.
Tive oportunidade de registar a influência do tempo no "movimento" estival em Buarcos, de 1995 até 2013. É empírico e inequívoco: sol, muita gente. Sem sol, népias.
E enquanto só tivermos sol, muita areia e água fria, vai ser sempre assim, ainda que os autarcas locais regozijem com as enchentes nos fins-de-semana de calor, como este que findou.
Mas não é uma inevitabilidade. Temos uma terra fabulosa, em que podiam ser replicados conceitos e atracções que fazem parte do turismo "moderno", e com as pessoas certas, podiam até aparecer conceitos e valências inovadoras ou pelo menos vanguardistas.
Eu vislumbro algumas, mas não adianta dar pérolas a porcos surdos que preferem foguetes e bailarico, restando esperar que esta fauna desande para as respectivas aposentações.
Entretanto, perdem-se anos a fazer nada. Pena. Esta terra merece tanto mais, e tem mais tanto para dar.