Já se conheciam os passadiços, e tomámos agora contacto com a ponte pedestre mais longa do mundo, 516 metros com outros 175 de vazio por baixo.
Já sabíamos dos milhares que todos os anos calcorreiam as margens e escarpas do Rio Paiva. Brevemente ficaremos conhecedores dos milhares que querem a adrenalina de atravessar o vazio a 175 metros do chão.
E a Figueira?
A Figueira não é Arouca.
Não tem um Rio Paiva, nem tem tido governantes com visão e capacidade de fazer.
Mas a Figueira tem, além de tudo o mais, um maciço calcário que se ergue à cota máxima de 257 metros, com declives vertiginosos para a vastidão do Oceano Atlântico e uma ímpar riqueza geológica e paisagística.
Imagino um percurso, ecologicamente responsável, sobre passadiços, feito pelas vertentes e praias da face Norte e Oeste da Serra da Boa Viagem, com "estações" dedicadas à geologia, à paleontologia, à beleza das paisagens e ao estado selvagem das praias que vão da Murtinheira até à Pedra da Nau, à história da exploração mineira longa de 300 anos, e tudo o mais que outros mais conhecedores do que eu poderão sugerir e concretizar.
Imagino uma terra que não é só areia e mar para uso de 3 meses de turismo ad-hoc, mas sim um local onde se vai e se quer regressar pelo bem que faz à alma. A Figueira tem esse potencial. A serra da Boa Viagem é parte fundamental.
Não tem mal nenhum copiar aquilo que de bom vemos noutros locais
Mas a Figueira não é Arouca.
A Figueira é rica pelo que a natureza lhe deu, mas paupérrima nas pessoas que os Figueirenses têm mandatado para a governarem, e o horizonte próximo não augura grande mudança.
A Figueira não é Arouca, mas podia ser tão mais do que.
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