1. A Natureza tem horror ao vazio.
2. Os autarcas têm horror às coisas pequenas.
Miradouro da Bandeira, Maio de 2025.
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1. A Natureza tem horror ao vazio.
2. Os autarcas têm horror às coisas pequenas.
Miradouro da Bandeira, Maio de 2025.
Tem sido inevitável.
Férias escolares, calor fora de época a coincidir com um bocado de lavadia e temos a receita para desgraça.
Ontem não foi excepção. E por cada uma das situações noticiadas, houve com certeza um sem número delas que não o foram, porque não foram testemunhadas/publicitadas, e não resultaram em mortos. Mas podiam facilmente tê-lo sido.
O mar engana. A quem nasceu perto dele e está habituado, mas muito mais a quem não tem noção do quão perigoso é.
É difícil fazer perceber a quem tem 16 anos, que o perigo está ali, naquele banho apetecível. Coisa da natureza e fisiologia humana.
Tomando o exemplo da Figueira, noticiou-se que estava um banheiro na praia e foi ele que resgatou uma família que facilmente podia ter sido notícia mais negra ontem. Desconheço se a câmara solicitou banheiros para esta época ou dias específicos, a contar com o calor. Se o fez, aplaudo. É isso que se pede aos eleitos. Prognose. Ainda bem que lá estava. Ainda bem.
Na minha opinião, temos corporações que podiam estar mais no terreno e mais alerta nestes dias. Polícia marítima à cabeça. Têm os meios humanos e materiais, e não vejo que outra missão possa ser mais importante do que proteger vida humana, para justificar não estarem presentes. Os bombeiros, que possuem meios de socorro e que até estão habituados a patrulhamento de praias no verão, como a própria PSP.
Não estou a criticar cada uma destas corporações.
Lamento é que não se aja mais voluntariosamente neste dias.
Não se evitariam todas as mortes, mas temos a certeza que se evitaria muito sofrimento.
Fica o lamento.
Em Setembro de 2022, era assim anunciado:
"O presidente do município da Figueira da Foz anunciou hoje que está fechado o acordo para a aquisição de 76 hectares no Cabo Mondego, por 2,1 milhões de euros, que inclui antigas instalações fabris, uma pedreira e terrenos.
O acordo inclui também a área da estrada do "Enforca Cães", recentemente requalificada e asfaltada.
Vários regimes jurídicos ali confluem, mas que não impedem o desenvolvimento de alguns projetos respeitadores do local e das suas extraordinárias características", salientou Santana Lopes, referindo que a zona tem área de construção permitida para unidades de desenvolvimento compatíveis com o sítio.
Para o presidente da Câmara, o local poderá comportar espaços de ensino, investigação, eventualmente turismo.
Mas vamos ver, agora é tempo de desenhar e criar e de abrir um tempo novo.
De acordo com o autarca, o Cabo Mondego poderá também acolher espaços da Universidade de Coimbra, no âmbito da parceria estabelecida com o município para a instalação de um polo de ensino superior na cidade da Figueira da Foz, mas isso depende "do trabalho conjunto" que está a ser efetuado."
Em Dezembro do mesmo ano:
"... o presidente Pedro Santana Lopes anunciou que não avançaria com a aquisição devido a dúvidas e "suspeições" levantadas pela oposição, além da falta de maioria no executivo. A oposição questionou aspectos do contrato, como a identidade da entidade vendedora e a ausência de prazos definidos para a escritura definitiva, levantando preocupações sobre a transparência do processo. "
A oposição ( PS ), dois dias depois, veio clarificar quais eram as dúvidas e suspeições:
1-A Câmara Municipal quer assinar um contrato promessa com uma sociedade comercial que não é proprietária dos bens que lhe promete vender no Cabo Mondego.
2 – O Contrato Promessa de Compra e Venda que a Câmara Municipal da Figueira da Foz queria assinar com vista à compra de bens imóveis no Cabo Mondego previa que, caso umas das parte incumprisse o contrato, a outra parte teria o direito a fazer cessar o contrato e a ser ressarcida por todos os custos por si despendidos para verificação de obrigações do contrato, tais como, entre outras, o encerramento da Pedreira Cabo Mondego Norte, o registo de prédios, a aquisição dos prédios pela sociedade que os promete vender (visto esta, como já acima referido, não ser a actual proprietária dos prédios).
3 – No Contrato Promessa de Compra e Venda dos bens do Cabo Mondego não constava sequer a fixação de um prazo nem uma data para a realização da escritura definitiva.
4 – O Contrato Promessa previa ainda que a sociedade comercial que vendesse os prédios do Cabo Mondego à Câmara pudesse no seu exclusivo e insindicável critério eliminar ou anexar artigos matriciais e actualizar a composição dos prédios, com referência à sua área (incluindo para redução), composição ou afectação.
Em outubro de 2024, Santana Lopes reiterou o interesse do executivo na aquisição, destacando a importância estratégica do Cabo Mondego para o município. No entanto, mencionou que os proprietários ainda não concluíram o processo de registo de propriedade da totalidade da área junto ao mar, e que persistem divergências políticas internas, especialmente no Partido Socialista.
Atualmente, em abril de 2025, não há indicações claras sobre o progresso deste processo. A falta de consenso político e questões legais pendentes continuam a ser obstáculos significativos para a concretização da aquisição do Cabo Mondego pela Câmara Municipal da Figueira da Foz.
Nota: O potencial que aquele espaço oferece é absolutamente extraordinário e seria ou será uma iniciativa estruturante para Buarcos/Figueira. As birras entre partidos inviabilizam, impedem, protelam, com claro prejuízo para nõs.
Se puderem, julguem sem os óculos partidários ou ideológicos.